Aprendendo a Ser: A Beleza da Autocompaixão e de Aceitar a Si Mesmo e o Outro
- Calúzia Santa Catarina
- 14 de jan.
- 3 min de leitura

Você já parou para pensar em como a vida é um constante aprender? Como estamos sempre descobrindo e redescobrindo novos aspectos de nós mesmos, mudando nossos jeitos de ser, pensar e agir? Isso é o que Carl Rogers, um dos grandes nomes da psicologia humanista, chamava de "vir a ser". Ele descrevia esse processo como algo dinâmico, um fluxo no qual aprendemos a confiar mais em nós mesmos e a viver de maneira mais aberta e sensível à nossa própria experiência.
Rogers também nos convida a refletir sobre como encaramos as pessoas à nossa volta. Em seu livro "Um Jeito de Ser", ele fala sobre contemplar as pessoas da mesma forma que contemplamos o sol, a natureza ou uma obra de arte — com aceitação e admiração, sem tentar moldá-las ou julgá-las. Ele sugere que, assim como não tentamos mudar o brilho do sol ou o formato de uma árvore, podemos aprender a deixar as pessoas serem quem são, respeitando suas singularidades.
Essa ideia de aceitar o outro como ele é também é ecoada por outros pensadores. Viktor Frankl, por exemplo, fala em seu livro "Em Busca de Sentido" sobre a importância de respeitar o sentido de vida único de cada indivíduo, reconhecendo que cada pessoa tem um caminho próprio e uma experiência singular. Da mesma forma, Brené Brown, em suas pesquisas sobre vulnerabilidade e coragem, ressalta que a verdadeira conexão acontece quando deixamos de lado o julgamento e abraçamos a autenticidade — tanto a nossa quanto a do outro.

Mas sabe o que é curioso? Apesar de estarmos todos nesse mesmo barco de descobertas e aprendizados, somos muitas vezes tão rígidos com nós mesmos. Nos cobramos perfeição, queremos acertar sempre e, quando não conseguimos, nos julgamos severamente. Parece que esquecemos que não temos um manual de como viver e que cada passo é um experimento, um movimento em direção ao desconhecido. Estamos fazendo o nosso melhor, mas a verdade é que nunca sabemos, com certeza, se é o melhor. E tudo bem.
Essa incerteza é uma parte natural da vida. Por isso, é tão importante sermos mais gentis com nós mesmos. Ter autocompaixão significa reconhecer que, assim como você, todo mundo está aprendendo. Todo mundo está se ajustando, tropeçando e levantando de novo. E essa gentileza consigo pode nos ajudar também a sermos mais compreensivos com o outro. Afinal, quem somos nós para medir os passos alheios com a nossa régua? E quem é o outro para medir os nossos?
Às vezes, o julgamento do outro pode ser doloroso. "O que ele ou ela pensa de mim?" "E se eu não for suficiente?" Mas aqui vai uma pergunta para você refletir: o que faz com que outra pessoa saiba mais sobre o que é certo ou errado na sua vida do que você mesmo? Ninguém está dentro da sua pele, sentindo o que você sente, conhecendo a sua história ou os motivos que levam você a tomar suas decisões. Se o outro me julga, que tal usar isso como uma oportunidade para me questionar? E se eu perceber que esse julgamento não faz sentido para mim, posso deixá-lo ir. Posso lembrar que, assim como eu, essa pessoa também está aprendendo, também está tropeçando no caminho de "vir a ser".

Portanto, meu convite para você hoje é este: seja mais gentil consigo. Dê a si mesmo a permissão de aprender, de errar, de mudar de opinião e de seguir em frente. Lembre-se de que não precisamos usar a régua do outro para medir nossa vida. E, se o outro tentar usar a régua dele em você, lembre-se de que ele também é um aprendiz.
Estamos todos juntos nessa jornada, descobrindo quem somos a cada dia. E isso é bonito, não é?
Que possamos caminhar com mais leveza, com mais amor próprio e com a consciência de que somos, acima de tudo, humanos aprendendo a ser.